ROMARIA INTER-PAROQUIAL DAS SENHORAS 2005 - 2013 9.ª ROMARIA

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

NOVENA A NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO


De 29 de Novembro a 08 de Dezembro na casa do Irmão Mestre, haverá novena a Nossa Senhora da Conceição pelas 8 horas da noite.
Venha rezar, cantar e louvar a Senhora da Conceição, Padroeira e Rainha de Portugal.

Irmão Mestre
Márcio Peixoto

Mais Perto de Deus

Hoje dia 27 de Novembro (dia de Nossa Senhora das Graças) faço 31 anos. Apesar das festas, caricias e ofertas que nos dão neste dia, a alegria maior que sinto é de que estou mais perto de Deus.
A idade torna-nos sensiveis e conscientes de que já largamos do ponto de partida para atingir a Meta, subimos da base até ao cume da Montanha. Esta Meta e este Cume da Montanha é Deus.
Com o passar dos anos e apesar de amar muito os meus (em expecial a minha mulher e filho), sinto necessidade e desejo do Paraiso. É o que eu sinto.
Com o passar dos anos damo-nos conta de que conhecemos muitos amigos, familiares e até SANTOS. Santos desconhecidos e que concerteza nunca terão a sua imagem num altar iluminado pela luz das velas.
No dia 01 de Novembro fez um ano em que minha avó Cecilia partiu num návio de um porto para chegar ao Porto Celeste.
Sei e anseio que um dia tomarei o mesmo navio. Será a minha vez.
Será assim com todos nós.
Entretanto vou vivendo a vida e por mim continuam a passar verdadeiros Santos ao meu lado. Misturados e confundidos entre as multidões. São estes santos que nos ajudam a viver neste mundo de dor, mutilado e cheio de feridas.
Acredito que um dia viveremos num mundo, sem lágrimas, sem dores, sem calunias, sem guerras e sem doenças.
E viver neste mundo ficou para mim neste dia de aniversário mais perto.
E ainda bem que sim!
Márcio Peixoto

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

HINO DA PADROEIRA E RAINHA DE PORTUGAL


Salve, nobre Padroeira
Do Povo, teu protegido,
Entre todos escolhido,
Para povo do Senhor.


Ó glória da nossa terra,
Que tens salvado mil vezes,
Enquanto houver Portugueses,
Tu serás o seu amor.


Com tua graça e beleza
Um jardim não ornas só,
Linda flor de Jericó,
De Portugal és a Flor!


Flor de suave perfume,
Para toda a Lusa gente,
Entre nós, em cada crente
Tens esmerado cultor.


Acode-nos, Mãe piedosa,
Nestes dias desgraçados,
Em que vivemos lançados
No pranto, no dissabor.


Lobos famintos, raivosos
O teu rebanho atassalham,
As ovelhas se tresmalham,
Surdas à voz do pastor.


Da fé a lâmpada santa,
Que tão viva outrora ardia,
Se teu zelo a não vigia,
Perde o restante fulgor.


Ai! da Lusa sociedade,
Se o sol do mundo moral
Se apaga… Ó noite fatal!
Ó noite de negro horror!


És a nossa Padroeira,
Não largues o padroado
Do rebanho confiado
A teu poder protector.


Portugal, qual outra Fénix,
À vida torne outra vez.
Não se chame Português
Quem cristão de fé não for.


Composto pelo Padre Francisco Rafael da Silveira Malhão (Óbidos, 1794 - ibidem, 1860), por ocasião da proclamação do dogma da Imaculada Conceição, pelo Papa Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854.

IMACULADA CONCEIÇÃO PADROEIRA E RAINHA DE PORTUGAL


Mensagem do Irmão Mestre

Graça e Paz a todos os que tiverem conhecimento desta mensagem.

Caríssimos Irmãos e Irmãs.

Dia 8 de Dezembro – Dia da Imaculada Conceição, e durante tantos anos, Dia da Mãe. Ainda hoje há quem celebre o dia da Mãe, segundo a tradição dos nossos antepassados e que por politicas contrárias à fé, este dia deixou de ser a nível nacional “O Dia da Mãe”.
Se hoje já não se festeja, nesta data, o dia da Mãe de cada um de nós, celebra-se e para sempre, o dia da Mãe de todos nós, Maria Nossa Senhora! Celebra-se a Padroeira do nosso país, a Rainha por excelência do nosso território.
Oito de Dezembro – dia de Festa, de solenidade e de vassalagem à nossa Rainha!
Dia de Festa para toda o Povo Cristão e de um modo muito especial, para nós portugueses, pois ela é nossa Rainha, independentemente de vivermos em sistemas políticos contrários à fé.
Dia de Festa para toda a Igreja Universal porque é Dogma a “Imaculada Conceição” e quando se trata de Dogma todo o católico deve acreditar.
Em 8 de dezembro de 1854, Pio IX, na Bula Ineffabilis Deus, fez a definição oficial do dogma da Imaculada Conceição de Maria. Assim o Papa se expressou:

“Em honra da santa e indivisa Trindade, para decoro e ornamento da Virgem Mãe de Deus, para exaltação da fé católica, e para incremento da religião cristã, com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, e com a nossa, declaramos, pronunciamos e definimos a doutrina que sustenta que a beatíssima Virgem Maria, no primeiro instante de sua conceição, por singular graça e privilégio de Deus onipotente, em vista dos méritos de Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, foi preservada imune de toda mancha de pecado original, essa doutrina foi revelada por Deus e, portanto, deve ser sólida e constantemente crida por todos os fiéis.”
Dia de Festa em especial par nós Portugueses pois em 1646, Portugal ajoelhou por inteiro aos pés da sua Rainha, a Imaculada Conceição. Esse gesto de então foi feito em perfeita comunhão nacional, a uma só voz, como se de uma só pessoa se tratasse. Em 2009, 363 anos depois, vivemos um novo ciclo de tempo. Não se repetindo a História, parece, contudo, repetir-se similar atmosfera de incerteza e de angústia... Vivemos hoje tão absolutamente subjugados ao domínio do materialismo, de politicas pagãs e de perseguição de quem afirma os seus ideais cristãos e evangélicos. Neste vazio de hoje devemos e é nossa obrigação homenagearmos e imitarmos os Portugueses de outrora abertos e confiantes no gesto admirável da Coração Nacional da Nossa Rainha – a Senhora da Conceição. Nao se repetindo, é certo, a História, pode, todavia, cada um de nós, em seu íntimo e como decisão vital, tornar-se fiel filho/servo da mesma Mãe/Rainha Imaculada, tal como há 363 anos o fez D. João IV.
O tempo vai passando, feito de grandezas e dificuldades, de progressos e retrocessos, de lutas e perseguições.
Em Festa, no dia 8 de Dezembro, vamos agradecer a Nossa Senhora todo o Amor e protecção que nos tem dedicado.
Como Cristãos e como Portugueses, como homens, mulheres e como mães, vamos viver o dia 8 como Ela, na força e serenidade, na ternura e na alegria, vamos transmitir aos nossos filhos os valores que nos foram legados.
Como Maria, Nossa Senhora e Nossa Rainha, vamos educar e preparar os nossos filhos para as missões que lhes forem confiadas e, em tempo de obstáculos e de ameaças, vamos ensinar-lhes o caminho da Esperança.


VIVA NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO!
VIVA A PADROEIRA E RAINHA DE PORTUGAL!


Márcio Peixoto – Irmão Mestre

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

ROMARIAS 2010 – INFORMAÇÃO

Muitos têm sido os pedidos de informação sobre as Romarias Quaresmais 2010 na Ribeira Quente / São Miguel - Açores.
Informamos o seguinte:

ROMARIA QUARESMAL DOS HOMENS: 20 a 27 de Fevereiro de 2010 (I Semana da Quaresma). Este ano é especial pois faz 10 anos de Restauração da Romaria.
Para mais informações consultar na Internet: http://romeiros-ribeiraquente.blogspot.com/


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ROMARIA INTER PAROQUIAL DAS SENHORAS: 20 e 21 de Março de 2010. Local de Peregrinação - Nossa Senhora da Graça - Faial da Terra. Este ano é especial pois faz 10 anos de fundação da Romaria.
Para mais informações consultar na Internet: http://romariadassenhoras-ribeiraquente.blogspot.com/

Um Abraço em Cristo Jesus e Sua Mãe Maria Santissima.


O Irmão Mestre
Márcio Peixoto

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Para Meditar - Infinito frio


Há dias em que me falta o oxigénio para as sílabas. Este é um dia deles.
Porque a nossa massa é a mesma, embora o diga a mim próprio, digo-o para todos nós:

Nos momentos de maior desamparo,
de maior abandono ou aparente ausência;
nesses momentos
que fizeram gritar o próprio Jesus Cristo, sim, gritar de dor dizendo:

- Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?

Quando te pareça que estás sozinho
num infinito frio, hostil e solitário
e não tiveres refúgio nem nada a que te agarres, pensa:


«Por muito que eu me ame a mim mesmo,
Deus ama-me infinitamente mais...»


Eu não me amo a mim mesmo
senão desde o tempo em que passei a fazer uso da razão.
Deus, pelo contrário, já me amava antes de eu nascer.
Que digo? Em si mesmo me amava desde toda a eternidade,
desde todas as eternidades.

Ele ama-nos infinitamente.
Assim quanto me aconteça
por duro e inexplicável que seja à evidência,
tem por força de acontecer para meu bem...


(Henrique Manuel / Livro: mas há Sinais...) Rádio Renascença - Momentos de Reflexão
http://auroraconclusa.zip.net/images/vazio.jpg

Para Meditar - Rasuras

Tu sabes, Senhor, como tenho medo das palavras e como elas me cansam. Sei que há palavras que escrevendo-as nos escrevem. E que ao dizê-las nos perseguem, mas isso não me impedirá de ser livre e de procurar pôr nelas lingotes de ternura, moedas de oiro vivo, amigos, coisas simples; a vida...
Hoje, peço-te que nos ajudes a começar este dia livres das feridas do passado.
Falo-te por experiência. Às vezes também dou comigo a pegar em certas páginas do meu passado, a relê-las, a rasurá-las. Tempo perdido, o das rasuras. É inutil procurar pássaros nos ninhos do passado.
Hoje, peço-te que nos preserves da crítica cerrada que nos fazemos a nós próprios, que nos amarfanha e mata.
Cabem muitos caminhos dentro da nossa vida sempre breve, mas em todos há mensagens. Ajuda-nos a lê-las, a tomar notas imprescindíveis, e ao lançar os passos para diante.
Erramos porque somos humanos, mas que isso não nos impeça de cantar todos os dias ao levantar; não nos impeça de acreditar que a coerência da pessoa está na luta que tem consigo mesma.
Erramos, deixamos muitas coisas perdidas pelo caminho, mas que isso não nos impeça de acreditar que aquilo que perdemos continua a ser nosso enquanto procuramos.
Também a «Ave canta, mesmo que se parta o ramo, porque sabe que tem asas».


(Henrique Manuel / Livro: mas há Sinais...) Rádio Renascença - Momentos de Reflexão

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Para Meditar - Aquilo sim, era uma Igreja


Se as coisas fossem como gostaríamos que fossem, mesmo assim continuaríamos a queixar-nos de que já não eram como dantes...
«Nos dias sublimes e longínquos da sua infância maravilhosa, rota, sem pão, descalça, viveu em antros, gemeu em galés, os tigres morderam-na, varou-a o ferro, queimou-a o fogo, trezentos anos a perseguiram, milhões de vezes a crucificaram, e, das contínuas mortes da sua carne, ergueu-se, ilesa e luminosa, a sua imortalidade espiritual.» Têm mais de um século estas palavras de Guerra Junqueiro.
Aquilo sim, era uma Igreja. Basta pegar nos Actos dos Apóstolos. A comunidade estava unida, ninguém era dono de nada, tudo era comum entre irmãos. Sentiam-se, sobretudo apóstolos, e actuavam como testemunhas da ressureição.

Aquilo sim, era a Igreja de Cristo, a verdadeira.
Segundo estes apaixonados, a Igreja de hoje parece-se mais com uma caricatura da própria Igreja. Vêem-na distorcida, hipertrofiada, quando não mesmo pervertida.
Reconheceria, hoje, Cristo a sua Igreja?
Parece-lhes que sobram estruturas e burocracias, que falta liberdade, que a hierarquia saqueou em seu proveito a dinâmica da ressurreição e que as mensagens de Jesus se transformou em ideologia ou em simples pietismo.
Segundo eles, urge voltar à essência, ao estilo da comunidade primitiva.
Em boa verdade não lhes faltam razões, a estes apaixonados. Contudo, admitiriam eles que a Igreja, com vinte séculos de existência, não pode ser uma mera arqueologia?
Senhor, pela verdade da Igreja, não da Igreja que temos, mas da Igreja que somos.


(Henrique Manuel / Livro: mas há Sinais...) Rádio Renascença - Momentos de Reflexão

Para Meditar - Trabalho


«Trabalhar até os burros trabalham. O que é preciso é saber trabalhar»

Quando lembro este enigmático conselho, bebido no leite de minha mãe, ocorre-me a imagem do pobre animal preso às voltas da nora ou a resfolgar, aborrecido, impotente e resignado à frente da charrua.
No seu suor há humidade criadora. Apenas o sal dos suores estéreis e o vazio do trabalho obrigado. Não há liberdade que cria, há imposição que amarfanha. Não há entusiasmo, mas pelas escuras a riscar rotinas, à espera da noite que lhe traga a cevada à mangedoura.
O burro da imagem que me visita caminha indiferente às estações. Avança por um sulco paralelo àquela procissão da vida, que diria Gibran, majestosa e altivamente submissa, caminha para o infinito.
Abro o livro do teu diálogo connosco, Senhor, e vejo que, tal como Yahveh no Antigo Testamento, também Tu usas titulos e comparações do mundo do trabalho: o pastor, o vinhateiro, o pescador, o semeador, o médico, a dona de casa... e não foste Tu também operário, filho de carpinteiro?

Peço-te três coisas nesta manhã:
Não nos deixes cair na tentação da preguiça, esse estranho hábito que nos faz descansar antes de trabalhar e repousar nos celeiros e colheitas antigas. Que encontremos a melodia da vida e o caminho que nos conduz a nós.
Não nos deixes cair na agitação que envenena os sorrisos, no trabalho desenfreado que é maldição e desejo de esquecermos quem somos. Que saibamos a medida certa entre a entrega desmedida e o descanso que nos recria.
(Henrique Manuel / Livro: mas há Sinais...) Rádio Renascença - Momentos de Reflexão

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Para Meditar - Segredo


Já aqui disse da minha admiração por essas pessoas que apanhando bofetadas da vida - de todos os lados, de toda a ordem e feitio - conseguem manter-se à tona das enxurradas, não desistem e, como se fossem começar o mundo, enfrentam mais fortes cada desafio.
Admiro essas pessoas! No meio de tenazes, sem descrer na beleza nem na bondade dos que as cercam, conseguem cantar e dançar a vida e têm ainda essa estranha capacidade para, em vez de amaldiçoar a escuridão, acender sempre um qualquer fósforo.

Será isto por saberem que a bondade é um investimento imune à falência, que a força não vem da capacidade fisica, mas da vontade férrea, e que a felicidade é a única coisa que podemos oferecer sem possuir e que cresce ao repartir-se? Será porque foram meninos a quem a dor fez crescer e aprender que um homem pode na verdade ser destruído mas não derrotado? Será coisa de fé, daquela fé que não move montanhas, mas ajuda a subi-las?

Talvez saibam que não estamos sós, que têm de fazer apenas aquilo que lhes compete fazer e depois entregar o resto Àquele que põe a sua assinatura nos acasos da vida e mostrou que o sofrimento e a morte não têm a última palavra e que junto da cada calvário há uma Páscoa.
Será este o segredo?

Bem sei, os paraísos são interiores...


(Henrique Manuel / Livro: mas há Sinais...) Rádio Renascença - Momentos de Reflexão

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Para Meditar - Beatice


«Há tanta beatice dentro das igrejas! Tanta gente que não é adulta na sua fé. Tanta gente que não dá um passo sem consultar o senhor prior. Tanto incenso a perfumar pessoas, o qual só é devido a Deus!»

É um desabafo colhido das cartas que aqui vão chegando. Assino-o. E não carregarei nas tintas ao acrescentar que beatas e beatos, no sentido deturpado da palavra, constituem um obstáculo como um perigo à pastoral como à pessoa do padre.
Mas não me compete nem interessa alargar por aqui este caminho. Podia ser longo. Fiquemo-nos pelo indevido e perigoso incensar de pessoas, para perguntar se a Igreja antes de ser uma comunidade de crentes em culto a Deus, não se fica, muitas vezes, por um estéril culto ao ego de cada um; se antes de ser um espaço de serviço ao outro, não o é de serviço ao próprio, um palanque ao sol, uma ribalta iluminada. Porque o Sr. Abade escolheu aquela e não esta, nomeou aquele e não outro, visita fulanos e não sicranos, porque quem faz as leituras é...
Antigamente os cristãos reconheciam-se pela sua vida,
distinguiam-se. O nome de Jesus Cristo fazia brilhar os olhos, valia o preço de um homem, tinha que ser cochichado no convés de escravos ou nas masmorras de Roma e celebrado na penumbra das catacumbas. Estava de tal forma no interiro do homem que era preciso dilacerar-lhe as entranhas se se quisesse arrancá-lo. O nome de Jesus Cristo não era dito com palavras de vento, mas de dinamite capaz de fazer dar uma volta completa à vida.
Não estará neste peixe-carne, nesta mornice, na insustentável leveza dum quente-frio, a razão de tantos partirem em busca de razões mais sólidas, de testemunhos mais vivos, alheios a vénias e a incensos?


(Henrique Manuel / Livro: mas há Sinais...) Rádio Renascença - Momentos de Reflexão

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Para Meditar - Padrinhos


Era uma vez a Mediocridade. Chegou a idade de ser baptizada e foi preciso um padrinho. Depois de aturadas reflexões foi decidido que o padrinho serio o Sr. Cunha.
Uma decisão sensata, qualquer bom padrinho deve ter algo do espectro daquele nome.
E a Mediocridade foi crescendo em estatura e em esperteza. Tornou-se quase imensa. Não é dificil, por isso, encontrá-la. Além do mais, e por via da regra, ocupa lugares cimeiros e bem iluminados.
Mas a Mediocridade tem outras características distintivas: aprecia o cinzento, e raramente sorri. Mediocridade que se prese não anda por aí a espalhar simpatias. Em criança ensinaram-lhe que muito riso pouco siso.
Também não fala, não pede e os seus lábios recusam-se a moldar a palavra obrigado. Fica-se pelos monossílabos, exige e vira as costas.
A Mediocridade não dispensa contratos e legislação. Pouco lhe importa se custam o preço de um homem.
Quantas mais leis, normas, papeis, burocracia, mais segura e poderosa. No reino da Mediocridade investida em chefia, o ceptro é o controlo; tudo é contado com minúncia, fechado, e aferido pela lei.
Consta que tem inimigos declarados. Mas ela conhece-os e aprendeu a mantê-los na mira. Liberdade, Competência, Criatividade, Partilha, Prazer no trabalho, são os cabecilhas dessa corja de insurrectos.
Mesmo tendo o
Sr. Cunha (Valente, é o apelido) por padrinho, e embora poucos o saibam, a verdade é que a Mediocridade investida em chefia sofre muito. Vive em pânico. Dorme mal, e até em sonhos consegue sentir as estratégias dos inimigos que, a custo, vai mantendo subordinados. Vive numa cela de prisão que, ela mesma, dia após dia, vai apertando e retirando janelas.
Rezemos, pois, pela Mediocridade investida em chefia.


(Henrique Manuel / Livro - mas há Sinais...)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Para Meditar - Boatos


Telefonou-me ao final da tarde de ontem. Que precisava de falar comigo. Há muito que não nos víamos. Quando chegou, reparei no seu ar cansado e na vincada sombra que lhe cobria os olhos. Alguém, na empresa onde trabalha, manchara a sua dignidade e comprometera-lhe o emprego com um boato.
Pensei na força destruidora que podem ter as nossas palavras - mentiras aparentemente inofensivas, mas por vezes desastrosas para a vida dos que nelas estão implicados.
A vida é feita de histórias que vão tecendo a grande história...


Havia um homem que tinha o hábito de espalhar boatos sobre o padre da sua paróquia. Um dia, tomado de remorsos, foi ter com o padre para que lhe perdoasse.
- Senhor padre, como é que eu me posso penitenciar?
O padre deu-lhe um conselho simples:
- Leve dias almofadas de penas para a praça, espete nelas uma faca, sacuda-as no ar e depois volte para casa.
O homem nada entendeu, mas assim fez. Correu para casa, pegou em duas almofadas e numa faca, foi para a praça, cortou-as e sacudiu-as no ar.
Feito o trabalho foi procurar o padre.
- Fiz exactamente o que o senhor me mandou.
- Óptimo! Agora, para compreender o mal que fazem as suas mentiras, volte lá.
- Mas para quê?
- Para recolher todas as penas que espalhou...


Boatos! Pode parecer estranha esta forma de começar o dia. Menos estranho será, dia acima, encontrá-los ou mesmo dar-lhes vida.
Podemos dizer que um boato é como um cheque.
Convém não endossá-lo enquanto não tivermos a certeza de que é verdadeiro.


(Henrique Manuel / Livro - mas há Sinais...)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Discurso de D. Jorge Ortiga - Presidente da Coferência Episcopal Portuguesa


A Assembleia Plenária da Conferência Episcopal é, sempre, experiência de profunda comunhão eclesial. Desta vez, a alegria da comunhão torna-se mais expressiva pela graça que nos é concedida da visita de Sua Santidade o Papa.
Como já foi referido em Nota Pastoral do Conselho Permanente da C.E.P (6 de Outubro de 2009): "A comunhão visível com o Sucessor de Pedro, fisicamente presente entre nós, será, mais uma vez, ocasião da expressão espontânea desse amor à sua pessoa, ao seu magistério e ao seu serviço universal e de fidelidade à Igreja".
Expressamos a mais sentida gratidão e queremos corresponder com a preparação consciente das nossas comunidades, de modo que a sua mensagem seja acolhida sem reticências por todos os cristãos.
A mesma comunhão eclesial faz com que manifestemos a D. Albino Mamede Cleto, Bispo de Coimbra, as felicitações pelos vinte e cinco anos de serviço episcopal e a D. Manuel Rodrigues Linda, novo Bispo Auxiliar de Braga, a solidariedade permanente de cada um de nós.


A IGREJA NO MUNDO

A C.E.P., norteada pela necessidade de repensar a pastoral nas suas dioceses, encontra-se mergulhada num momento num contexto de mudança civilizacional. Muitas perspectivas podem e devem ser equacionadas. Fiéis a uma responsabilidade histórica – que a minha presença no Sínodo dos Bispos sobre a África veio reforçar – importa que reinterpretemos a nossa vocação missionária. Para isso, teremos, por um lado, de continuar a acolher os imensos contornos do universo como espaço onde levar a semente do Evangelho; por outro, centrar a atenção nos nossos próprios espaços, onde nos apercebemos de um progressivo afastamento da mensagem cristã. Sempre interpelados pela missão, recordo a peculiar relação histórica entre a Europa e a África, para manifestar a particular solidariedade, no campo espiritual e material, com os povos de língua portuguesa.
Aceitamos, também, a gratidão manifestada pelo Sínodo às nossas Igrejas na Europa, sabendo que é nosso dever eclesial permanecer junto desses povos, inclusive através do envio de missionários que, por meio da inculturação, testemunhem a fidelidade a Cristo com o anúncio do evangelho e a entrega da vida.
Esta nova consciência missionária e a reflexão que dela fazemos, obriga-nos a repensar, à luz do Concílio Vaticano II, o papel da Igreja no mundo. Durante muito tempo apenas vimos “o mundo da Igreja”. Hoje, é inequívoco que não existe o “mundo da Igreja”, mas que Ela deve estar no meio do mundo>, não como senhora mas como serva. Estar no coração do mundo é já uma luta a travar, uma vez que a mudança que modernidade ocidental trouxe consigo deslocou o cristianismo do centro para a “periferia dos dispensáveis e dos irrelevantes”.
Curiosamente, na fragilidade desta periferia podemos reencontrar a nossa identidade cristã, a qual se plasma na única segurança que vem de Cristo. É neste contexto de humildade, que teremos de passar duma atitude de detentores da verdade para uma transparência da verdade, de emissores únicos e autoritários a peregrinos dialogantes nesta mesa comum da procura. Nunca podemos renunciar ao encargo que nos é confiado de apontar a urgência dum encontro com a Verdade. Sabemos que o ser humano se desfigura sempre que não é capaz de se confrontar com Ela e vive na persistente “ditadura do relativismo”, ou seja, no comodismo de quem se demite de pensar com rigor a realidade.
Segundo Santo Agostinho, a verdade, que também é dom, é maior do que nós e é-nos primeiramente dada. Em “qualquer processo cognoscitivo, a verdade não é produzida por nós, mas sempre encontrada ou, melhor, recebida”, afirma a encíclica Caritas in Veritate (n. 34). Podemos então concluir que, sendo a verdade um dom recebido por todos, pode constituir-se como força que unifica a Humanidade e promove a universalidade dos povos.
Compete-nos, por isso, sair do “nosso” mundo para provocar encontros com todos e ouvir as suas inquietações e dramas e, na comunhão com todos, semear a sede duma redescoberta do sentido para a vida que só Deus oferece. Este encontro dialogante acontecerá, ou deverá acontecer, através de uma presença, silenciosa mas de testemunho, da Igreja nos mais variados ambientes.
A missão está aí e é desafio que devemos encarar. Os “mundos” esperam-nos e teremos de lá chegar. A sociedade portuguesa é, ainda, detentora de profundas marcas cristãs. Trata-se de avivar o que parece morto e situar o Evangelho neste contexto que parece contradizê-lo em muitas dimensões.
Como pode, então, a Igreja convergir com o mundo neste jogo de fronteiras e de procura da Verdade? Acredito que é, precisamente, apostando no desenvolvimento integral da pessoa, na educação para os valores e restituindo a dignidade à instituição familiar, como nos recorda o Santo Padre na encíclica Caritas in Veritate.


TEMPO DE MUDANÇAS

O trabalho só faz sentido se dinamizado em conjunto com múltiplos parceiros. A actual condição da sociedade portuguesa solicita da Igreja uma atitude muito concreta. Qualquer mudança projecta-nos para um futuro em aberto, uma infinitude de possibilidades que, a seu tempo, se concretizam ou desvanecem. Este é o tempo de mudança de governo e, neste sentido, perspectiva-se uma nova fase de relacionamento com o poder civil.
Hoje é consensual a autonomia entre Igreja e Estado. A laicidade é uma realidade e, no dizer do Papa João Paulo II (Fevereiro de 2005): “longe de ser um lugar de colisão, é realmente o âmbito para um diálogo construtivo, no espírito dos valores de liberdade, de igualdade e de fraternidade”. Este “diálogo construtivo” é o nosso permanente compromisso e queremos continuar a cooperar na linha da Lei da Liberdade Religiosa que consigna que não pode ser tratado como igual o que é diferente (Art.º 5º) e cria espaço legal para uma Concordata que testemunha o específico da Igreja Católica nos vários quadrantes. Não queremos pretender um Estatuto de privilégio. Caminhamos como povo português e trairemos a nossa missão se não lhe oferecermos uma mensagem que alguns podem não reconhecer como necessária. Aceitamos a lógica da liberdade.


PRIORIDADE DA EDUCAÇÃO

Torna-se prioritário olhar para a Educação e reconhecê-la como elemento fundante e estruturante da sociedade portuguesa, comportando responsabilidades, quer para a sociedade em geral quer para a Igreja em particular. A educação apela a acções que favorecem o desenvolvimento intelectual, afectivo, espiritual, físico e moral da pessoa humana, tendo sempre como objectivo a tomada de consciência da própria pessoa e o autodomínio. É necessário, portanto, ter a capacidade de abrir horizontes e promover a totalidade da pessoa, nas suas múltiplas dimensões: intelectual, afectiva, física e espiritual… Só um projecto onde se fomentem os valores garante um humanismo com futuro.
Daí que algumas coordenadas do ensino em Portugal nos inquietem. Importa ter a coragem de o repensar e não caminhar com soluções parciais e ao sabor dos ventos e conveniências corporativas e políticas. Sem valores verdadeiramente assumidos, a educação não acontece, o relativismo ganha foros de “norma”, a família desestrutura‑se, perde as suas coordenadas de referência e até de autoridade e a vida social corre o risco de se tornar ponto de “desencontro”. Muitos já o referiram e nunca se pode esquecer. A crise está na ausência de valores. Poderá parecer que temos uma sociedade de progresso e verdadeiramente desenvolvida. O actual momento da sociedade já o desmente e o futuro poderá reservar-nos algumas surpresas.
Educar para os valores deve permitir uma pluralidade plausível e séria de propostas, de modo que, segundo o princípio da subsidiariedade, seja permitido aos pais escolher o projecto que querem assumir para os seus filhos. Os pais necessitam da concretização deste direito. E para que isto seja uma realidade, o ensino não pode ser estatizado em absoluto, de uma forma sub‑reptícia e compulsiva, como parece ser essa a vontade de muitas políticas pseudo‑educativas. Também na educação, a democracia passa necessariamente pela justa autonomia e descentralização estatal.
A par da necessária pluralidade e qualidade de oferta, torna-se imprescindível sensibilizar, consciencializar e responsabilizar as famílias, para que sejam capazes de interpretar a sua missão, neste ambiente de uma sociedade com sinais de desorientação e imaturidade. Em muitos casos, podem ser necessários gestos e atitudes frontais, manifestando um justo inconformismo cívico, a fim de que seja respeitada e legislada claramente a liberdade de opção dos pais sobre a educação dos seus filhos.


A FAMÍLIA E OS VALORES

A “família tornou-se a célula primeira e vital da sociedade” (FC 42), uma vez que possui vínculos vitais e orgânicos com a mesma sociedade. Na verdade, representa a primeira escola da sociedade e, como tal, local privilegiado para a aprendizagem dos valores éticos e cívicos.
A nossa história atesta que a instituição familiar tem sido uma escola positiva e fundamental. Foi ela que promoveu uma consciência viva da liberdade pessoal, incutiu a importância das relações interpessoais, estimulou uma verdadeira educação dos filhos e, no amor mútuo, abriu-se a uma necessária procriação responsável.
Hoje, a família encontra-se exposta ao relativismo dos valores, o que estará a degenerar em anti‑valores: rupturas familiares, crise social da figura do pai, dificuldade em assumir compromissos estáveis, graves ambiguidades acerca da relação de autoridade entre pais e filhos, o número crescente dos divórcios, a praga do aborto, o recurso cada vez mais frequente à esterilização e a instauração de uma verdadeira e própria mentalidade contraceptiva (cf. FC 6).
É, pois, fundamental que a família descubra a sua identidade. O que é, e também qual a sua missão na sociedade. Cada família é chamada a descobrir o apelo de Deus dentro de si e “tornar-se aquilo que é” (FC 17).
Se a emergência educativa passa pela família, nunca nos poderemos cansar de anunciar o seu verdadeiro estatuto e denunciar campanhas que pretendem dar uma orientação contrária às características que, queiramos ou não, se revestem de uma dimensão cultural e antropológica e que, por essa razão, nunca podem ser consideradas ultrapassadas ou retrógradas.
Continua a infiltrar‑se, em muitos casos de uma maneira camuflada, a “teoria do género”, como verdadeira ideologia apostada em redefinir a família, a relação matrimonial, a procriação e a adopção. Ninguém ignora os problemas reais com os quais a instituição familiar se debate quotidianamente. Perante estas novas problemáticas, vão surgindo tentativas de solução baseadas nos valores tradicionais de liberdade, igualdade e saúde que, para além dos seus significados verdadeiros, começam a ficar mergulhados num conjunto de ambiguidades, desviando-se duma antropologia sadia e verdadeiramente confirmada pela genuína cultura.
Em muitos casos, a justa liberdade da mulher já não encerra uma verdadeira emancipação das discriminações sociais e do poder autoritário do homem. Enveredou por uma competição entre os dois sexos, onde aparece com evidência a rivalidade e o antagonismo que conduzem a uma procura da afirmação individual, quando deveria estruturar-se em termos de solidariedade e complementaridade responsável. A violência doméstica prolifera e o desencanto familiar multiplica-se.
Determinadas concepções de igualdade pretendem sublinhar a diferença natural entre homem e mulher como irrelevante e propõem a uniformidade de todos os indivíduos como se fossem sexualmente indiferenciados, com a consequência inevitável de considerar os comportamentos e orientações sexuais equivalentes. Assim julgam que cada indivíduo tem o direito de concretizar livremente e, em muitos casos até mudar, as próprias escolhas segundo as suas preferências, desejos ou inclinações. As uniões homossexuais pretendem apresentar-se com estatuto idêntico à família.
Também na área da saúde reprodutiva, sob o pretexto da prevenção e da preocupação por evitar as doenças, aconselha-se o exercício meramente amistoso, ou até simplesmente lúdico, da sexualidade, não a integrando numa perspectiva de verdadeiro amor aberto, responsavelmente, à procriação. Neste terreno, o aborto é banalizado com orientações legais que desrespeitam o valor indiscutível da vida e assim o decréscimo da natalidade atinge níveis preocupantes, motivados por interpretações egoístas do dom da sexualidade.
Trata-se duma verdadeira campanha ideológica que não tem em consideração as implicações antropológicas. Se isto acontecesse, tais comportamentos deviam ser considerados eticamente inaceitáveis. Urge, por isso, a responsabilidade de restituir aos sagrados princípios da liberdade, igualdade e saúde os seus verdadeiros conteúdos em favor duma convivência responsável perante um amanhã que deve ser continuamente repensado dentro dos parâmetros dum humanismo integral.
O papel da Igreja será sempre de proposta e defesa da dignidade humana, independentemente da ideologia ou crença religiosa dos indivíduos, aliando o respeito com a coragem. Sentimos o dever de oferecer um contributo para uma sociedade constituída por homens e mulheres verdadeiramente livres e iguais. Em muitos casos seremos incompreendidos, mas o que julgamos ser a verdade sobre a vida humana deve prevalecer sobre o que é considerado política ou socialmente correcto e os aplausos da opinião pública reinante. Por vezes, a Igreja experimenta seguir em contra-corrente, mas sempre de modo respeitoso e dialogante, a mentalidades facilitistas que pretendem impor os seus critérios.
A atenção à família determina o conteúdo das prioridades a considerar pelas instâncias governativas. Não devemos cair num alarmismo ou visão negativa do actual momento histórico. Também não interessa ficar passivamente a apontar os culpados ou responsáveis pela actual situação social. Sabemos que o desemprego cresce e as empresas lutam com dificuldades ou já encararam a realidade da falência. A carência de bens essenciais entrou em muitas casas e não pode ser camuflada a resignação dura de pessoas simples que se vêem obrigadas à austeridade. A vergonha encobre muita miséria e os dados estatísticos, elaborados a nível nacional ou internacional, lançam alertas que os poderes deveriam ouvir para discernir caminhos que ofereçam aos pobres uma vida digna.
Esta é a prioridade das prioridades. As soluções não são fáceis de encontrar. Só uma convergência que não admite distracções permite uma sociedade justa e fraterna.



SACERDOTES, SERVOS DUMA NOVA HUMANIDADE


É meu grato dever recordar o Ano Sacerdotal. A Igreja é povo de Deus que participa no único sacerdócio de Cristo. Nesta abrangência de responsabilidades, os sacerdotes devem revitalizar o dom que receberam e sentir-se intérpretes duma missão ministerial capaz de rejuvenescer o tecido das comunidades, suscitando e reconhecendo o Sacerdócio comum dos fiéis. A todos e cada um dos sacerdotes, gostaria de expressar a mais profunda gratidão pelo testemunho de fidelidade a Cristo e pedir que continuem a testemunhar maior transparência do Amor de Deus pela humanidade. Os Bispos de Portugal não só compreendem o novo e complexo contexto em que o ministério é exercido, mas estão, também, empenhados em discernir soluções capazes de a todos proporcionar as condições humanas exigidas para a alegria de serem intérpretes duma missão que, sendo de origem divina, se incarna na história, mostrando como Cristo continua a ser imprescindível para uma vida feliz.
Continuaremos empenhados em vivenciar um amor feito verdade a partir dum projecto de vida onde resplandeça a lógica do dom e o princípio da gratuidade capaz de constituir um Portugal caracterizado por um desenvolvimento integral para todos e, particularmente, para os mais pobres.
Que o Santo Padre, cuja visita queremos preparar com esmero e júbilo, nos encontre mergulhados neste serviço.

Fátima, 9 de Novembro de 2009

† Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga e Presidente da C.E.P

Retirado de: (http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=76034)

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

SEJAMOS PROFECTAS


Ao ler por estes dias o Livro do Profecta Jeremias, peguei na esferográfica e escrevi aquilo que o meu coração sentia:

No capítulo 4 do Livro de Jeremias, o grande homem de Deus que ficou conhecido como o
” Profecta das Lágrimas” devido ao seu coração sensível pelo sofrimento do seu povo, mostra-nos uma das maiores demonstração do amor pelo próximo encontrada no Antigo Testamento.
Ao receber as revelações da parte do Senhor Deus sobre o fim do Reino de Judá, com a destruição da cidade e do templo de Jerusalém e do exílio do povo judeu para Babilónia, o Profecta Jeremias expressa um sentimento de profunda dor pelo destino dos seus compatriotas:


“Ah! Meu coração! Meu coração! Eu me contorço em dores. Oh! As paredes do meu coração! Meu coração se agita! Não posso calar-me, porque ouves, ó minha alma, o som da trombeta, o alarido de guerra. “ (Jeremias 4:19)

Mesmo sabendo que o Juízo Divino que vinha sobre Judá era uma permissão de Deus devido a apostasia e rebeldia do seu povo, ele cumpre fielmente o seu chamado de entregar a mensagem Divina, mas não deixa de demonstrar uma dor forte e um profundo sentimento de tristeza pelo sofrimento alheio.
A dor de Jeremias era a dor de quem ama o próximo como a si mesmo. Era uma dor sincera e verdadeira. Era uma dor que vinha das profundezas do seu emocionado coração.
Era a mesma dor que o Senhor Jesus sentiu ao entrar em Jerusalém:


“E quando chegou perto e viu a cidade, chorou sobre ela, dizendo: Ah! se tu conhecesses, ao menos neste dia, o que te poderia trazer a paz! Mas agora isso está encoberto aos teus olhos.
Porque dias virão sobre ti em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, e te sitiarão, e te apertarão de todos os lados, e te derrubarão, a ti e aos teus filhos que dentro de ti estiverem; e não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo da tua visitação.”
(Lucas 19:41 -44)

Era uma dor que jamais poderia ser sentida por Leigos ou Religiosos enclausurados nas suas denominações, vivendo uma vida cristã teórica, egoísta e hipócrita.
Era uma dor de quem enxerga além dos interesses pessoais, da acusação, da falta de perdão e dureza de coração.
Ao analisar a situação vivida pelo Profecta Jeremias, fiquei a imaginar sobre a nossa atitude como Igreja de Cristo hoje, em relação a situação da nossa sociedade.
Não, não estamos em iminência de sermos invadidos por outra nação sobre juízo divino como Judá. Porém, hoje estamos vivendo dias muito difíceis em praticamente todas as áreas da nossa sociedade.
As nossas crianças, vítimas indefesas da pedofilia e crueldade de adultos irresponsáveis e perturbados, a corrupção dos políticos e do próprio povo em todas as áreas da sociedade (inclusive a Igreja), famílias desestruturadas com casamentos destruídos, jovens se perdendo nas drogas, violência sem fim… um domínio quase que total em todas as formas de pecados.
E nós como estamos agindo perante toda esta situação? Será que temos gemido, clamado, sofrido e chorado pela degradação dos verdadeiros valores na nossa sociedade? Será que temos dado a cara por esta causa ou temo-nos mascarado com as máscaras da cobardice?
Será que nos temos angustiado a ponto de sentir a dor dos “outros”, assim como Jeremias, em relação aos seus compatriotas?
Ou estamos agindo como “meros religiosos” e já perdemos a sensibilidade dos verdadeiros Profectas do Senhor e não nos importamos com os problemas alheios?
Será que temos perseguido anonimamente, aqueles que muitas vezes nos dizem verdades que doem e mexem com a nossa consciência. Será que como Cristãos e Baptizados não desejamos os mesmos sofrimentos do Profecta Jeremias para aqueles que clamam Justiça, Verdade, Honestidade, Fidelidade, etc.,etc…
Senhor, renova o nosso coração e restaura a nossa capacidade de sentir, assim como o Profecta Jeremias, um amor intenso e verdadeiro que procede de Ti, por todos aqueles que estão no caminho da destruição da nossa sociedade.
E assim possamos profetizar a restauração plena sobre os valores morais e espirituais do nosso povo.

Um Abraço em Cristo

Márcio Peixoto – Irmão Mestre