quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Para Meditar - Padrinhos
Era uma vez a Mediocridade. Chegou a idade de ser baptizada e foi preciso um padrinho. Depois de aturadas reflexões foi decidido que o padrinho serio o Sr. Cunha.
Uma decisão sensata, qualquer bom padrinho deve ter algo do espectro daquele nome.
E a Mediocridade foi crescendo em estatura e em esperteza. Tornou-se quase imensa. Não é dificil, por isso, encontrá-la. Além do mais, e por via da regra, ocupa lugares cimeiros e bem iluminados.
Mas a Mediocridade tem outras características distintivas: aprecia o cinzento, e raramente sorri. Mediocridade que se prese não anda por aí a espalhar simpatias. Em criança ensinaram-lhe que muito riso pouco siso.
Também não fala, não pede e os seus lábios recusam-se a moldar a palavra obrigado. Fica-se pelos monossílabos, exige e vira as costas.
A Mediocridade não dispensa contratos e legislação. Pouco lhe importa se custam o preço de um homem.
Quantas mais leis, normas, papeis, burocracia, mais segura e poderosa. No reino da Mediocridade investida em chefia, o ceptro é o controlo; tudo é contado com minúncia, fechado, e aferido pela lei.
Consta que tem inimigos declarados. Mas ela conhece-os e aprendeu a mantê-los na mira. Liberdade, Competência, Criatividade, Partilha, Prazer no trabalho, são os cabecilhas dessa corja de insurrectos.
Mesmo tendo o Sr. Cunha (Valente, é o apelido) por padrinho, e embora poucos o saibam, a verdade é que a Mediocridade investida em chefia sofre muito. Vive em pânico. Dorme mal, e até em sonhos consegue sentir as estratégias dos inimigos que, a custo, vai mantendo subordinados. Vive numa cela de prisão que, ela mesma, dia após dia, vai apertando e retirando janelas.
Rezemos, pois, pela Mediocridade investida em chefia.
(Henrique Manuel / Livro - mas há Sinais...)
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